A família no enfrentamento da depressão

por Mª Aparecida Costa
publicado em: atualizado em:
Em post já publicado nesse blog, descrevemos a depressão como uma das doenças que mais afetam o ser humano atualmente… e a tendência é que esse número aumente nos próximos anos. Você acha que a participação da família é importante? Tenho certeza que você respondeu que sim! Ora, se em qualquer situação de vulnerabilidade a proximidade da famíllia é importante, imaginem quando a pessoa convive com uma doença que lhe doi a alma.
Se você pesquisar o assunto vai encontrar textos interessantes com ítens de condutas que a família deve tomar diante de uma pessoa com depressão. Entre os mais importantes, destacamos:
  • É fundamental que a família possa acolher, apoiar, confortar e compreender o sentimento do familiar.
  • É importante melhorar a qualidade da escuta, ouvindo com atenção e permitindo que as pessoas se expressem livremente.
  • É necessário que a família participe ativamente do processo de tratamento e recuperação, estudando sobre o assunto, conversando com os terapeutas e com o próprio familiar, acompanhando-o e motivando-o.
  • É também importante estar  presente o máximo de tempo possível com o familiar e atento à sinais de piora.
Todas essas dicas são válidas e valiosas, porém quando falamos em família não podemos imaginar que todas são harmônicas como as que aparecem no  comercial de margarina, precisamos encarar que hoje as famílias tem estruturas diferentes e algumas passam por muitas dificuldades – famílias devastadas com problemas de violência domestica, avós que precisam assumir o papel de pais… 
E mesmo em famílias que aparentam menos conflitos não é fácil encarar um caso de depressão. Imaginem a família como se todos estivessem em círculos, com os braços nos ombros onde um está servindo de apoio ao outro. Se uma das pessoas da roda solta o corpo mantendo os braços  no pescoço dos outros, toda a roda fica desiquilibrada e naturalmente as pessoas vão procurar novo ponto de equilibrio.
Experiências familiares positivas ou negativas são sentidas por todos e cada um vai elaborar de um jeito. Portanto, ao entrar em contato com a forma que um irmão lembra de determinada experiência na infância pode causar estranheza, sofrimento, dor, perplexidade, incompreensão… muitas vezes o familiar acredita que superou (do seu jeito) algumas questões de família e não consegue compreender por que outra pessoa ainda sofre com algumas lembranças. E não é fácil entender mesmo!!
Na família as pessoas têm ações e reações e ver o sofrimento de um irmão ou de um parente próximo causa diferentes reações… assusta, e algumas pessoas se afastam não por indiferença e sim por não suportar enfrentar algumas realidades. 
Ao trabalhar com famílias podemos observar que as vezes a pessoa que apresenta o sintoma não é o mais doente da família. O que apresenta o problema muitas vezes é o que está chamando a atenção para um problema da família. 
Conversando com uma grande amiga e experiente psicóloga Mara Barella, ela resume a questão dessa forma:
O paciente identificado como portador de depressão faz o contra ponto da família, ou seja, pode parecer que ele é o uníco que está doente enquanto o resto da família mantém sua saúde. Nessa situação o sistema da família está equilibrado, embora doente. Quando a família entra em tratamento, onde cada um assume a responsabilidade por seus próprios problemas e deixa de jogá-lo em uma única pessoa, a família volta a ter equilibrio, porém de uma forma mais saudável!
É preciso ter coragem para enfrentar a depressão em família, e quando isso não acontece a pessoa deprimida fica muito sozinha, como se o problema fosse só dela. 
Feliz daqueles que conseguem colocar o dedo na ferida e olhar coletivamente para as questões familiares, respeitando a forma como cada um percebe e encara os desafios próprios da vida. 
Estar junto não é só acompanhar em situações específicas, mas acolher, ouvir, compreender e interagir de forma positiva com o familiar.
Sério tudo isso, não é? Essas são algumas das dificuldades  que podem acontecer entre os membros das famílias. Há uma infinidade de outras questões que podem significar um desafio para a família no enfrentamento da depressão. 
É fundamental lembrar que um profissional de saúde mental qualificado pode contribuir para desembaraçar os nós no emaranhado de sentimentos dos familiares e ajudá-los a compreender que pode ser mais fácil e mais saudável se pudermos evoluir mental e espiritualmente  juntos. 🙂 
É importante também ampliar a rede de apoio do portador de depressão, agregando amigos, vizinhos, profissionais de saúde, voluntários de ONG. 

Talvez você também goste...

2 comentários

Avatar
Renata 23.set.2018 - 01:21

Nossa! Esse texto: “a família no enfrentamento da depressão foi de encontro com o que penso desde que fiz estágio no SERSAM/ Divinópolis, mg. Hoje, estou em tratamento para sanar uma depressão, e suspeito que o meu vizinho esteja com algum transtorno também, tanto ele, quanto eu ñ temos suporte profissional aqui na cidade de Conceição do Pará, mg. No meu caso foi mais fácil, pois dei o primeiro passo – reconheci que ñ daria conta sozinha e estou em tratamento clínico e terapêutico, já o tal meu vizinho: mora só, ñ aceita se quer a visita de um ACS e tem se isolado mais e mais até dos vizinhos mais próximos.

Responder
Mª Aparecida Costa
Mª Aparecida Costa 25.set.2018 - 06:32

Renata, muito obrigada por seu contato. Fico feliz que a matéria tenha ajudado em algumas informações, mais feliz ainda em saber que você procurou e conseguiu ajuda para uma doença tão séria e que precisa de cuidados. Quanto ao seu vizinho, percebo em suas palavras que ai tem equipe de saúde da família que pode ajudar nessa sensibilização para o tratamento. Não podem desistir. Muita saúde, paz, conquistas e amor para você! Beijos em seu coração!!

Responder

Deixe uma resposta